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25 de jan. de 2013

Quanto vale um Pastor?


Uma busca despretensiosa nos milhares de sites que tratam de pesquisa de credibilidade nas atividades profissionais certamente revelará que, principalmente neste século, ser pastor é uma atividade em baixa. A exemplo do que ocorre no resto do mundo, os bombeiros são os profissionais em que mais as pessoas confiam, seguidos pelos carteiros; e os políticos, os menos confiáveis. Apenas um percentual que geralmente não ultrapassa os 15% diz acreditar em pastores, quando mais da metade opina que os tais não são dignos de confiança.
O que a grandeza desses números representa de positivo e negativo? Se os percentuais são similares no mundo todo, isso de alguma forma representa uma síndrome pastoral?
Certamente não sou daqueles que pensam que “a voz do povo é a voz de Deus”, mas também não desprezo a voz do povo, quando esta ressoa posições que apontam diferenças significativas. Se a maioria não acredita em pastores, o que isso realmente quer dizer? Há algo de errado no comportamento de alguns pastores para que suas vidas não inspirem credibilidade. E o que dizer da opinião da minoria? Isso quer dizer também que há pastores cujas vidas refletem o caráter devido aos verdadeiros servos de Deus.
Há, decerto, embutida nessas pesquisas, uma mensagem que a sociedade está enviando para a igreja. O julgamento da credibilidade dos pastores aponta para o nivelamento entre sua vida pessoal e a mensagem que pregam. Não pode ser diferente. Haja vista que pastores são arautos da Palavra de Deus, não é incongruente que suas vidas sejam avaliadas e julgadas pelos mesmos princípios que preconizam.
Charles Spurgeon, considerado o príncipe dos pregadores, no livro Lições a Meus Alunos conta a história de um pastor que pregava tão bem mas vivia tão mal, que ao postar-se no púlpito, todos diziam que nunca deveria sair dali; e quando não estava no púlpito, todos diziam que jamais deveria assomá-lo novamente. Com isso, ele exortava os ministros a se empenharem para que o caráter pessoal se harmonizasse, sob todos os aspectos, com o ministério que Deus lhes confiara.
É fácil entender que um modo preciso e rápido de acabar o ministério de um pastor é a comunidade discernir que sua conduta pessoal não corresponde à imagem pública que demonstra.
O pastorado não é uma profissão, é um sacerdócio que encerra vocação e chamada divina. Hoje, é socialmente aceitável que as pessoas entrem nas mais diversas profissões — política, comércio, entretenimento etc. — e obtenham sucesso público, sem, contudo, levarem em conta sua vida privada. No ministério pastoral, ao contrário, esse tipo de sucesso não permanece por muito tempo.
Infelizmente, o sentido mercantilista de “fazer igreja”, no qual uma atividade essencialmente espiritual foi transformada em mais um grande negócio, gerou uma anomalia ministerial, talvez por escassez de nomenclatura, também chamada de “pastor”. Por isso, há pastores para todos os gostos e desgostos. Mas reconheçamos, há diferenças definidoras e significativas que ajudam a reconhecer um verdadeiro pastor.
O Senhor Jesus Cristo reservou para Si a tarefa de chamar e qualificar os Seus ministros para o sagrado encargo de pregar o Evangelho, visando “ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo” (Ef 4.11-13). Embora Jesus tenha disposto as diretrizes claras que estabelecem o perfil de conduta pública e privada dos pastores, infelizmente alguns tentam seguir modelos de sucesso profissional meramente humanos. O homem de Deus só deve espelhar-se no modelo de Jesus, o único “Pastor e Bispo da nossa alma”.
Quando Paulo era jovem, Jesus lhe deu o seguinte norteamento ministerial: “Levanta-te, porque por isto te apareci, para te constituir ministro e testemunha, tanto das coisas em que me viste como daquelas pelas quais te aparecerei ainda, livrando-te dos gentios, para os quais eu te envio, para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim” (At 16.16-18).
O velho Pedro aconselhou: “Eu, que também sou pastor, dou agora conselhos aos outros pastores... que cuidem bem do rebanho que Deus lhes deu e façam isso de boa vontade, como Deus quer, e não de má vontade. Não façam o seu trabalho para ganhar dinheiro, mas com o verdadeiro desejo de servir. Não procurem dominar os que foram entregues aos cuidados de vocês, mas sejam um exemplo para o rebanho. E, quando o Grande Pastor aparecer, vocês receberão a coroa gloriosa, que nunca perde o seu brilho” (1Pe 5.1-4).
O equilíbrio é este: “Quem prega pregue a palavra de Deus; quem serve sirva com a força que Deus dá. Façam assim para que em tudo Deus seja louvado por meio de Jesus Cristo, a quem pertencem a glória e o poder para todo o sempre!” (1Pe 4.11).
A marca essencial de um pastor terá sempre este selo: “O bom pastor dá a vida pelas ovelhas”.
 
Samuel Câmara - Pastor da Assembleia de Deus em Belém
E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv